A palavra ideologia é usada para designar a formação de ideias, valores e crenças que orientam a percepção e o comportamento dos indivíduos, no que se referem a forma-pensamento do indivíduo e como ele expressa suas opiniões, posições e interações sobre o sistema político vigente, condições econômicas e sociais, entre outros, que nem sempre correspondem a uma realidade presente. São vieses conscientes ou inconscientes no qual permeiam a vida do indivíduo.

A ideologia de gênero surgiu no grupo conservador contrário aos estudos de identidade de gênero, por volta de 1990, na ala conservadora da Igreja Católica, segundo o Centro de Estudos Multidisciplinares Avançados da Universidade de Brasília (UNB).

Apesar de constar em documentos da Cúria Romana, a expressão “ideologia de gênero” não é reconhecida no mundo acadêmico e é usada por grupos conservadores, contrários aos estudos de gênero iniciados nas décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos e na Europa, que teorizam a diferença entre o sexo biológico e o gênero (ver post “Qual a diferença entre sexo biológico, orientação sexual e gênero”, de 05/03/2023).

Segundo o pensamento desses grupos conservadores, a ideologia de gênero seria usada nas escolas e na sociedade para subverter, corromper a família brasileira, numa tentativa de transformar as pessoas em homossexuais e dessa forma surge o aparecimento da expressão “cura gay”, que segundo os mesmos, seria possível, o indivíduo deixar de ser gay.

Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, afirma que o termo ”ideologia de gênero” não existe na base da educação brasileira, no entanto, a discussão de gênero precisa ter espaço nas escolas, porque a construção de identidade é algo que faz parte da vida.

Dentro da perspectiva de tais grupos conservadores existe padrões e formas a determinar os contornos sociais de indivíduos designados como femininos e masculinos, delimitando as performances nas quais esses indivíduos devem necessariamente engajar para serem compreendidos dentro da matriz de inteligibilidade do gênero do que é ser mulher e do que é ser homem.

No entanto, esse debate nos oportuniza pensarmos como os “papéis sociais”, a fala, os atos, são responsáveis pela manutenção da ilusão de essência do gênero, sobretudo a violência de gênero e o preconceito, delineando ou delimitando o leque de performances do qual o indivíduo deve fazer uso para ser reconhecidos como mulher ou homem, e ainda, o que não deve fazer (“homem não chora”, “mulher não tem opinião”).

Assim pensar num novo projeto de sociedade, construir novas bases, novos marcos civilizatórios, é uma questão urgente, para que pessoas alijadas da sociedade possam usufruir de existências vivíveis, ou seja, que pessoas trans, queer, gays e todas as identidades de gênero, possam reivindicar oportunidades e direitos.

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